domingo, 4 de outubro de 2009

5 de Outubro: data a celebrar


A Proclamação da República Portuguesa foi o resultado da Revolução de 5 de Outubro de 1910 que naquela data pôs termo à monarquia em Portugal. Estamos no limiar dos cem anos da República. Não é uma data para recordar apenas, é sobretudo para celebrar, com maior razão em Fraião.

Antecedentes

O movimento revolucionário de 5 de Outubro de 1910 deu-se em natural sequência da acção doutrinária e política que, desde a criação do Partido Republicano, em 1876, vinha sendo desenvolvida por este partido, cujo objectivo primário cedo foi o da simples substituição do regime.

Ao fazer depender o renascimento nacional do fim da monarquia o Partido Republicano punha a questão do regime acima de qualquer outra.


Ao canalizar toda a sua acção política para esse objectivo o partido simplificava grandemente o seu fim último, pois obtinha ao mesmo tempo três resultados: demarcava-se do Partido Socialista, que defendia a colaboração com o regime em troca de regalias para a classe operária; polarizava em torno de si a simpatia de todos os descontentes; e adquiria uma maior coesão interna, esbatendo quaisquer divergências ideológicas entre os seus membros.

Por isto, as divergências dentro do partido residiam mais em questões de estratégia política do que de ideologia.

O rumo ideológico do republicanismo português já fora traçado muito antes, com as obras de José Félix Henriques Nogueira, e pouco se foi alterando ao longo dos anos, excepto em termos de adaptação posterior às realidades do país.


Para isso contribuíram as obras de Teófilo Braga, que tentou concretizar as ideias descentralizadoras e federalistas, abandonando o carácter socialista em prol dos aspectos democráticos.

Esta mudança visava também não antagonizar a pequena e média burguesia, que se tornaria uma das principais bases de militância republicana.

No entanto, o abandono dos interesses do proletariado acabaria por trazer muitos dissabores e dificuldades à Primeira República Portuguesa.

Outro componente muito forte da ideologia republicana era o anticlericalismo, devido à teorização de Teófilo Braga, que identificou religião com atraso científico e força de oposição ao progresso, em oposição aos republicanos, vanguarda identificada com ciência e progresso.

A propaganda republicana soube tirar partido de alguns factos históricos de repercussão popular: as comemorações do terceiro centenário da morte de Camões, em 1880, e o Ultimatum inglês, em 1890, fora aproveitados pelos defensores das doutrinas republicanas que se identificaram com os sentimentos nacionais e aspirações populares.
A lição

Concluindo, sejam Repúblicas ou Monarquias, todos os regimes estão condenados à sua própria falência se não colocarem as pessoas no topo das suas prioridades.

Já no dealbar da República, o Partido Socialista tinha razão: a questão prioritária não é o regime, mas a resolução dos problemas dos cidadãos, especialmente os trabalhadores.

É que o Partido Republicano, no começo do século XX, ao canalizar toda a sua acção política para a deposição da Monarquia, quis demarcar-se do Partido Socialista, que defendia a colaboração com o regime em troca de regalias para a classe operária.

A República foi o que se viu em 1926 (após a revolução que saiu de Braga, com o regime de Estado Novo durante 48 anos) e só foi verdadeiramente restaurada no 25 de Abril de 1974

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