terça-feira, 15 de setembro de 2009

Conhecer melhor Fraião (3): o enigma das "Almas"


Um dos maiores enigmas para os mais novos residentes em Fraião, está próximo da Junta de Freguesia. Ali existe um nicho cuja inscrição se lê: “Almas de Lamaçães”.

Para um desprevenido, pode dar a indicação que se enganou no caminho e não está em Fraião, mas tem a sua explicação. Alguém disse que se trata-se de umas alminhas que ali foram colocadas mas ninguém sabe de onde vieram. Por isso, resolveram o problema desta maneira e em vez de escreverem às Almas desconhecidas, escreveram “Almas de Lamaçães”.

Mas há quem saiba. O padre doutor António Gomes, pároco de Lamaçães e Fraião, tem-se dedicado a estudar a história de ambas as comunidades. Numa série de artigos publicados no jornal Diário do Minho, revela-nos os contornos deste enigma.

"A primeira vez que surge «In parrochia Sancti Sacobi de Froyam» (Paróquia ou freguesia de Santiago de Fraião) é em Fevereiro de 1217, quando o Cabido de Braga empraza a João Boião diversos bens em Santiago de Fraião (Liber Fidei, doc. 880, A.D.B.), embora em 1220, 1260 e 1290 continue a apelidar-se tanto Santiago de Fraião como Santiago de Lamaçães.

A distinção era apenas pelo Orago – Santiago e Santa Maria. É esta a biografia comum de duas freguesias com a mesma toponímia Lamaçães «testemunha dos tempos, luz da verdade, vida da memória, mestra da vida» (Cícero, do Orador – II)."

Para o autor, Santiago (Maior) de Fraião e Santa Maria de Lamaçães, irmãs gémeas, tão umbilicadas que os paleógrafos ficam perplexos em destrinçar os seus terrenos.

O enigma do nicho das Almas entronca num outro que ultrapassou as gerações é este: Santiago de Fraião, primitivamente, chamava-se Santiago de Lamaçães e, pelo contrário, Santa Maria de Lamaçães, conservou sempre a toponímia Lamaçães.

Apesar disso, estamos diante de duas freguesias, que, pela evolução dos séculos, são inconfundíveis e com limites documentados.

Depois, António Gomes cita uma obra que explica o enigma das "Almas de Lamaçães" em Fraião: "Em 1565/66 no «Livro dos Acordos» (Ed. Bracara Augusta, Vol. XXX, O Tomo, Ano 1976, n. 70, Julho-Dezembro, pg. 696) fala do privilégio concedido à Igreja de Lamaçães em pedir esmolas para a devoção ao S.S. Sacramento.

A Confraria das Almas, desde tempos imemoriais, que espalhou esta devoção de sufrágio por várias freguesias e como legado ainda conserva «seus nichos» em Fraião e Nogueira.

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