quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Conhecer melhor Fraião (4)... dr. Egídio Xavier Guimarães


A freguesia da fonte das águas férreas possui uma chama que não se apaga porque continua depois desta vida outra vida (Luís Murat) e da qual todos se recordam ao passar junto ao portão que dá acesso à quinta de Calvelo de Cima: o dr. Egídio Xavier Amorim de Sousa Guimarães.

Faz quinze anos no próximo dia 27 de Dezembro que faleceu, após uma queda junto à Igreja de S. Lázaro, mas deixa aos bracarenses uma herança cultural e de combate pela cidadania que deve orgulhar os habitantes de Fraião, onde viveu durante décadas, depois de ter nascido na Póvoa de Varzim, em 7 de Julho de 1914, apesar de ter profundas raízes familiares em Braga.

Da cidade de Braga nunca se ausentou por muito tempo, excepto quando era criança e viajou com os seus pais para Moçambique, numa ida episódica. Pode-se dizer que Braga foi o seu berço, o seu lar e o seu túmulo, para além de ter alimentado uma paixão desmesurada pela Cidade dos Arcebispos.

Assim, o seu grande projecto, inacabado, era uma ‘monumental bibliografia bracarense’, acompanhada de algumas memórias, onde os estudiosos pudesesm beber tudo o que fosse necessário saber acerca de Braga.

Depois dos estudos na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, onde concluiu uma formatura em histórico-filosóficas e depois uma especialização em bibliotecário-arquivista, foi nas viagens que empreendeu pela Europa que culminou toda a formação de um grande humanista, lutando em favor de uma ideia de Humanidade, de Pátria e de Cidade que os cépticos nunca viram com bons olhos.

Entre 1964 e 1969 integrou o executivo municipal de Braga, como vereador da Cultura, cujo exercício ficou marcado pela realização de grandes congressos, como o Congresso Internacional de homenagem a São Frutuoso, o apoio à investigação arqueológica, com incidência notável na recuperação e salvaguarda da romana Bracara Augusta, na colina da Cividade e, acumulando com o cargo de Director da Biblioteca Pública e Arquivo Distrital de Braga, permitiu criar as condições de apoio para os projectos de pesquisa do historiador de arte americano Robert Smith.

Além de escrever regularmente na revista Bracara Augusta, na altura dirigida por outro grande amigo de Egídio Guimarães, Francisco Bacelar Ferreira, fez sentir a sua influência decisiva na realização de outros congressos internacionais efectuados em Braga, como o de S. Martinho de Dume e o de André Soares.

Entre a década de setenta e a de noventa participou ainda como elemento destacado da Comissão Municipal de Arte e Arqueologia, de curta vida, e a Comissão Arquidiocesana de Arqueologia e Arte.

Sócio número um da ASPA e presidente do seu Conselho Fiscal, prefaciou obras sobre Moura Coutinho e Manuel Monteiro, além de ter colaborado na revista Mínia e na imprensa de Braga.

Depois da integração da Biblioteca Pública na Universidade do Minho, seguiu-se a fase da sua vida onde melhor pôde desenvolver a sua ideia de pátria e de cidade.

Além de militar em experiência literárias na “Quatro ventos”, desenvolveu profundas ligações de amizade com grandes intelectuais portugueses e estrangeiros, mas ainda teve tempo para colaborar em iniciativas como o Círculo de Cultura Musical que teve uma grande actividade em Braga nos anos 60, a Alliance Française em Braga.

Trabalhou em prol da Delegação de Braga da APPACDM, onde com a esposa, D. Lucinda, e o dr. Félix Ribeiro lançaram as primeiras estruturas de apoio aos deficientes mentais, cumprindo a lição transcrita em livro “O meu amigo Gervásio e a sua filha catedrática", publicado em 1986 e dedicado à sua filha Maria João.

Igreja velha de Fraião, na foto

2 comentários:

  1. Eis um Homem que Amou a Cidade de Braga com a sua alma, com orgulho e desinteressadamente. Um Homem por todos... Grande Avô! ABRAÇO

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    1. Tu conheceste pouco o Avô porque eras muito pequeno quando o Avô faleceu; mas fizeste um bonito comentário, como se conhecesses o Avô à muito tempo. Obrigada por isso.

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